Agrochãoé freguesia do concelho de Vinhais, localiza-se a sul da sede de concelho a cerca de 25km da mesma. Abrange uma área de 18,07km2 com 293 habitantes (2001)
O topónimo Agrochão indica campo plano; campo bom.
A povoação é de origem Medieval, encontrando-se citada como Paróquia de São Mamede de Agrochano, nas Inquirições de 1258 de D. Afonso III, onde se diz que a sua igreja fica numa herdade foreira do rei.
O rei D. Dinis deu carta de foral à povoação de Agrochão no ano de 1288.
Em 1624 a igreja tinha uma confraria do Santíssimo Sacramento indulgenciada pelo papa Urbano VIII (13 de Novembro de 1624).
AGROCHÃO - Um dos pontos e interesse é o santuário do Divino Senhor Jesus da Piedade, também com a capela do Senhor dos Passos. Este é um Santuário que dispõe de uma panorâmica sobre toda a aldeia, estendendo-se por vários quilómetros. Mais em baixo, no vale, há a capela de Nossa Senhora do Areal, com a sua fonte milagrosa.
No centro da aldeia, existe uma fonte românica, a qual chamam fonte de mergulho. Pela aldeia existem várias outras fontes, todas elas foram muito importantes no passado, são elas: “Fonte do Burro”; “Fonte da Lama”; “Fonte dos Hortos”.
Agrochão é a única aldeia do conselho de Vinhais que tem museus, são eles o museu etnográfico rural e o museu do azeite.
Perto dos museus, encontra-se a igreja de Sª Barbara, dispõe de belíssimos altares, decorados com várias figuras religiosas.
Património:
Igreja de São Mamede, paroquial de Agrochão, localizada no meio do povo, próxima do Museu Etnográfico e Rural, é um monumento datado do século XVIII, no lintel está gravada a data de 1768.
Alguns autores defendem a sua construção sobre uma primitiva igreja. È um templo de planta rectangular de uma só nave, com capela-mor e sacristia.
Capela de Nossa Senhora do Areal, está localizada numa encosta sobranceira á ribeira de Macedo e está rodeada por fragas e arvoredo. Com uma datação do século XVI, Capela de planta longitudinal, com alpendre no frontispício. Na parte de trás do altar-mor, de talha e da pintura, subsistem frescos numa área de 3,80 X 2m. Na parte central desta composição está representada a “Coroação da Virgem”, do lado direito aparece a cena “Anunciação” do lado esquerdo surgem as figuras de “Sant’Ana e São Joaquim” estas três cenas estão delimitadas por elementos arquitectónicos.
Segundo o Historiador de Arte Vítor Serrão, estas pinturas terão sido executadas por um mestre português ou galego, em meados de quinhentos, e apresentam características maneiristas de influência flamenga. De acordo com o povo de Agrochão, o sítio da Senhora do Areal foi o primitivo lugar da aldeia, a sua origem.
Santuário do Divino Senhor da Piedade;
Solar rural, de dois pisos com capela privada.
Fontes de mergulho, moinhos d’água, cruzeiro e alminhas.
Cabeço do Marco, a noroeste do povo, fica sobranceiro ao provável traçado da via romana entre Vale de Telhas e Castro de Avelãs, é possível que tenha existido um marco romano.
Castro de Nossa Senhora da Piedade, localiza-se num outeiro a sul da povoação, identificou-se no local um fragmento de mó de rolo do período neolítico e alguma cerâmica.
No espaço do futuro Museu Etnográfico e Rural de Agrochão encontra-se depositada uma ara votiva romana.
Lenda da Nossa Senhora do Areal
Exemplo de sincretismo cultural, uma « santa » vestigio da antiga cultura pagã, deusa com certeza importante que o povo não quiz abandonar e que foi transposto a cultura catolica. «A imagem da Nossa Senhora do Areal apareceu no poço da Gola (está escrito na Torre do Tombo, no Arquivo Nacional, onde guardam as lendas de Portugal). A nossa Senhora do Areal foi um tesouro que acharam. Os mouros, antigamente, entravam por baixo da fraga do poço da Gola e saiam depois p’ra gruta que há lá por baixo. Era para que os Romanos não lhe conseguissem apanhar o rasto, pr’os num descubrirem. Lá os apanharam antes deles tirarem as riquezas e os nossos antepassados descubriram o tesouro. Acharam o achado, e depois daquele tempo, estava atão esse busto da Senhora do Areal com as mãos, é de madeira, e muitas mais coisas. Antigamente, era Senhora das Arenas. Fizeram-lhe então uma capela que era um bocadinho mais abaixo da actual, as pedras estão lá, a capela lá se desfez, ficou em ruina e mudaram-a um bocadinho mais p’ra cima (se calhar por causa do rio encher muito). E tanto é que antigamente o Bispo queria a queimar e não conseguiam trazê-la p’ro povo, eram muitos homens. O Bispo achava que ela não era Santa, diziam que era um busto de uma reinha moura, outros que era pagã, mas o povo começou-lhe a chamar a Senhora das Arenas, queriam-a trazer p’ro povo e ninguem conseguia, chegaram a pôr três juntas de bois a puxar a ela e não conseguiam mexê-la do lugar.» «Então, a fontinha só nasceu depois, quando esses irmãos lá do Porto trouxeram a irmã ainda nova, disseram-lhe que havia uma Santa numa aldeia assim assim... Eles eram caçadores, trouxeram-a enganada porque queriam a herança dela, ela era a única herdeira, a mais velha e era a ela que lhe pertencia herdar, era de familia real, e aqueles irmãos tinham enveja dela, queriam-lhe dar fim. Resolveram tazê-la até aqui porque eles vinham muitas vezes a caça, era um lugar donde havia caça de toda a qualidade. Resolveram merendar alí, ao pé da capela, porque ela era muito devota, disseram-lhe que aquela Santinha fazia muitos milagres e ela quiz acompanhâ-los, e quando chegaram alí, no cimo da ladeira encontraram alguém a quem pediram um sacho, p’ra fazer uma foguei e fazer a merenda, era pelas Pousadas, mas era para matar a irmã, quando ela estava a orar à Nossa Senhora lá na fraguinha e que se sentaram p’ra comer chamaram-a p’ra cima da fraga, sentaram-se naquela laja grande e foi alí que lhe deram a sacholada, e em vez de correr sangue da cabeça da menina, começou a laje a deitar água (antigamente não estava como agora, deitava água p’ra cima). Enterraram a menina no canto da capela, quando a capela tinha o chão de madeira, aquele lado estava sempre podre e nascia uma roseira onde em vez de ter picos tinha cabelos loiros e a terra daquele canto era perfumada, nos iamo-nos lá a perfumar, cheirava bem aquela terra. Da roseira não me lembro porque iam a cortando, tinham medo daquilo. Diz que um dia, uma velhota que pertencia a familia da Lucinda, filha da tia Ignacia, viu um braço de fora. Foi a mãe da tia Ignacia ou a avó que viu o braço de fora, há coisa de 200 anos, viu uma mão de fora e tinha aneis, ela puxou por um anel e diz que ouviu uma voz dizer assim : «Quando chegar a tua quinta geração, vai-se dar aqui um milagre muito grande» e a quinta geração é a Lucinda, quando ela morrer vai-se passar algo... Quando morrer ela vai-se dar um milagre. A Senhora do Areal é do tempo dos mouros, antigamente ninguém sabia se era uma reínha moura, estavam na dúvida, e o Bispo de Bragança, a princípio, queria queimâ-la, queria fazer a experimentação, se fosse moura ardia, se fosse Virgem salvava-se e não deixaram, o povo escondeu-a. E depois deu-se o milagre... Só depois que mataram a menina é que ela deixou que a trouxessem, ficou escondida lá muito tempo e desde que se deu isso nunca mais quizeram a queimar. O povo de Agrochão tem uma adoração pela Senhora do Areal.»
As bruxas da canelha das bruxas
Superstições - A minha avo e as minhas tias viviam na canelha do roche, numas casinhas que ali haviam do outro lado da casa da tua avo. Nesse tempo, tinha tudo o cabelo comprido, e a minha mãe e as outras todas, na noite das bruxas que era as terças e as sextas, elas apareciam com as tranças desfeitas e com os cabelos todos apertados aos ferros da cama e depois a minha avo, durante a manhã enteira não conseguia desprender-lhes os cabelos, elas ainda sofreram isso. La p’ra queles cabanais é que faziam os bailes delas e as asneiras delas, p’ra se vigarem das meninas bonitas estragavam-lhe o cabelo, davam-lhe nós nos ferros das camas
O garoto das cebolas
Fábula moral que da uma lição : os problemas não resolvidos perseguem-nos a pesar de mudanças - Na casa onde mora agora o Antonio, que era casa rica porque ainda tem numeração romana, noutros tempos ja muito antigos que não são da lembrança da minha mãe, saia de la um garoto que trazia sempre um cabo de cebolas as costas e os donos daquela casa tinham outra casa no Souto (indo p’ras Pousadas) e resolveram-se para mudar para la, naquele tempo faziam-se as mudanças nos carros dos bois, e estavam a carregar o carro dos bois e aparece o garoto com o cabo das cebolas as costas, e eles disseram-lhe «qué que estas aqui a fazer ?», «bo, ja que vos vos ides embora eu também vou convosco», e desde esse dia nunca mais apareceu o garoto na canelha do roche, e eles disseram «conosco não vais» e disse «ai isso é que bou que aqui eu não fico» eles não sabiam o que era, se era um fantasma, mudaram porque as crianças tinham medo do garoto das cebolas, ele estava preparadinho com o cabo das cebolas.
A casa dos Ingleses
Evoca a presença dos judeus em Agrochão (atestado pelo Abade Baçal, judeus naturais de Agrochão foram processados, no fim do século XVII e inicio do XVIII, por justamente serem judeus…) houve realmente o crime que conta a lenda ainda as pessoas lembram que os descendentes da casa tinham livras em ouro… Era assim chamada a casa porque foi feita por uns ingleses que fujiram na altura da Inquisição, vieram da Inglaterra porque aqui em Portugal ainda não havia repressao, ja estavam a dar luta, e eles vieram p’raqui porque tinham muito dinheiro. Era um casarão. Mas eles tinham ca pessoas muito amigas e que os avisavam, eles fugiam p’ra la p’ra umas fragas que havia por cima de Val d’Abelheira, ha la umas grutas la no Serro, e eles iam p’ra la se esconder até os da Inquisição se irem embora, e as criadas é que fingindo que iam a lavar roupa p’ro rio, levavam-lhe a comida nos cestos, la ao pé de Val d’Abelheira, que não era terra, eles é fizeram la aquilo e depois ficaram la a viver os criados. A primeira dona da casa tinha poderes, e um dia morreu uma menina, e quando morria uma criança deixavam-a estar em casa o tempo suficiente para vela-la, faziam um velorio, estava ali numa salinha até ao dia de a interrarem (ao fazer as 24 horas). E estavam o marido e a mulher deitados e a mulher acorda e diz ao marido «levanta-te e vai a ver o que ha no povo que esta a acontecer uma desgraça muito grande, anda aqui o diabo, os cascos dos cavalos até deitam lume» e o marido respondeu «cala-te mulher que ainda te queimam nalguma fogueira», eles ja eram meios judeus e tinham que fugir p’ra Val d’Abelheira quando era que lhe batia a porta no tempo da Inquisição. A mulher insistiui «vai ver, vai ver», diz que dali p’ra um bocadinho ouvem 2 tiros, a mulher disse-lhe assim «olha que eles acabaram de dar meia volta» porque diz que aqui não podiam passar que estava aqui um anjo morto e foram por ali por tras, os cabaleiros que era o diabo que andava a tentar os outros dois. Eram dois homens por causa duma rapariga que se chamava Conceição, o namorado tinha a deshonrado e o irmão andava p’ra lavar a honra da irmã, e andanvam com uma pistola cada um, um andava a fugir ao outro, mas ao chegar à porta do café do tio Arménio, era o canelho que vinha do Val e o canelho que vinha da Moreira, cada um vinha a fugir por seu lado, e ao chegar ali, encontraram-se frente a frente, um despara e outro despara, mesmo de frente a frente e mataram-se os dois, cairam p’ra tras e com os pés juntos. Mas a mulher deu conta do Diabo os andar a tentar p’ra se matarem e quiz acordar o marido p’ra que o marido fosse librar eles de se matarem, que chamasse gente e que fosse acudir p’ra eles não se matarem, e ja não conseguiram, o Diabo matou-os, quer dizer, tentou-os.
Lenda da pala das moças
A invasão Francesa de 1808-1810 foi de uma grande violência e até ficou registada com esta lenda. Com certeza as tropas do Napoleão também passaram por Agrochão. «Conta-se em Agrochão que houve uma guerra em tempos muito distantes. Os soldados arrombavam as portas das adegas, abriam as torneiras das pipas de vinho, as talhas do azeite e deitavam à rua tudo o que os lavradores tinham, pisando em seguida com os cavalos. Havia duas moças, virgens, eram donzelas, e havia muito pudor com essas coisas e antes que eles se chegassem, levaram mantimento e foram-se a esconder na tal pala. Vendo esses horrores, fugiram para um lugar chamado “Recta do Grilo”. Havia lá uma fraga que tinha a forma de casota. Entraram nesse lugar, agarraram-se uma à outra e morreram porque não tinham que comer. A essa fraga ficou a chamar-se “Pala das Moças”.»
A fonte do desengaranho
Ritual pagão, superstição «Perto da Pala das Moças, existe a fonte do desengaranho, à qual se atribuem qualidades de cura em crianças, enfezadas, raquiticas (engaranhadas). Para a cura, era necessário passar 9 vezes a criança da mão da mãe para a mão da madrinha por cima da água e atirar com uma pedra de cada vez para trás das costas sem olhar para trás. Na volta para casa teriam que voltar por outro caminho e não olhar para trás. Deixavam lá a roupa que a criança vestia.As pessoas afirmam que apreciaram curas de crianças “engaranhadas”.»
Lenda do Caúnho
A presença árabe que muito impacto teve no imaginário comum, o Mouro era associado ao mal, era tentador, e ao mesmo tempo representava o que apetecia : a riqueza, a beleza. «Conta-se que há muitos muitos anos no lugar do Caúnho em Agrochão, se ouvia um tear a tecer no meio de uma rocha. Intrigado com isso, um homem foi lá para escutar no dia primeiro de Junho. Ao aproximar-se apareceu-lhe uma cobra muito grande que lhe disse : Se me deres um beijo vou fazer-te muito feliz. O homem aceitou receber o beijo da cobra, mas quando ela se levantou e se aproximou dele, sentiu tanto medo que se desviou. Então, a cobra disse-lhe : Ah ladrão que me dobraste o meu encanto ! A seguir a cobra desapareceu. Conta-se que ainda hoje se ouve o tear no dia primeiro de Junho.
O gato preto e as vacas
Crenças na magia, no fantastico, uma historia que mostra bem como se cultivava o medo às bruxas - Havia um lavrador que costumava ir todas as noites ao curral dar de comer às vacas. Uma noite ao entrar no curral encontrou um gato preto empoleirado no lombo de uma das vacas e tentou enxotá-lo. Mas ele não se mexia. O homem chegou-se ao pé dele, e ao notar que era um gato preto, resolveu ter uns certos cuidados com ele. Por isso, passou-lhe a mão no pêlo com meiguice, ao mesmo tempo que lhe dizia :
Olha que me dás cabo da vaca. Saí daí !
E o gato respondeu :
Não.
O lavrador ficou de boca aberta com o que estava a presenciar, e não quis mais conversas com o gato. Tratou mas é de sair porta fora, e foi dali direito à taberna da aldeia para contar aos amigos o que lhe tinha acontecido. Estes riram-se dele, mas o lavrador insistiu que havia um bruxedo qualquer na loja das vacas. E pelo sim, pelo não, resolveram ir lá todos ver o que era, cada um armado com o seu varapau. E, mal o lavrador abriu a porta da loja, eis que sai de lá um estranho vulto com a rapidez de um raio, de modo que nenhum dos homens chegou a ver se era o tal gato preto ou um diabo qualquer. Fosse o que fosse, ninguém mais voltou a rir de “certas coisas” que às vezes acontecem...
- Lilia da Conceição Fernandes (30 de maio de 1946), contada pela sua avó que morreu com 105 anos, morreu quando andava na terceira classe (8-9 anos ?) / (1850-1955)
- Lilia, contado pela mãe dela
- Cacilda de Jesus de Morais.
- Berta Aurora Mascarenhas (1918-13 de Abril 2009)
Museu do Azeite de Agrochão
Quarta a Domingo das 14h00 às 18h00
Telefone – 278 349 000 / 278 349 006
Agrochão
Museu Etnográfico de Agrochão
Quarta a Domingo das 14h00 às 18h00
Telefone – 278 349 000 / 278 349 006
VENDA de DVDS na Junta de Freguesia de Agrochão e Museus.
Museu do Azeite de Agrochão
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Museu Etnográfico de Agrochão
Quarta a Domingo das 14h00 às 18h00
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COMPOSIÇÃO DA JUNTA
Presidente da Junta de freguesia:
Secretário:
Tesoureira:
PLANO DE ACTIVIDADES E ORÇAMENTO - AGROCHÃO 2024